sexta-feira, 13 de maio de 2011

O barulho calado da espera, por Gustavo José Lemos


Vou sentir falta de suas cronicas, sempre bem humoradas.

O barulho calado da espera, por Gustavo José Lemos
Folha da manha 20/04/2011


Todos reclamavam com raiva da Babel edificada pelos carros volantes da propaganda eleitoral. Às vezes não se entendia nada. Carros se perfilavam e todas as vozes amplificadas se misturavam deixando as pessoas aturdidas.
Era comum aparecer risos irônicos causados por alguns nomes bizarros ou por músicas estranhas e muitas entravam nas cabeças teimando em persistir martelando os sentidos. A maioria era composta por músicas conhecidas com letras adaptadas com rimas paupérrimas. A princípio a algazarra estava envolta por uma certa timidez, mas aos poucos foi ganhando volume e as ruas da cidade se transformaram em gritos lancinantes implorando um simples voto.
Na enorme quantidade de candidatos feições carregadas de simpatia, sorrisos estelares e brilhantes, mas poucos com olhares penetrantes transmitindo confiança. Neste turbilhão de vozes incomodas, me sentia perturbado até pela minha própria voz. De repente tudo ficou calado.
As vozes possantes se diluíram no ar. Uma espera aflita e angustiante começou a tomar conta
As vozes possantes se diluíram no ar. Uma espera aflita e angustiante começou a tomar conta, da aflita e angustiante começou a tomar conta da maioria dos candidatos se consideravam eleitos e todos com mais de mil e quinhentos votos. Para mais de cem candidatos, o colégio eleitoral do município tinha de ser imenso. Mas é esta tenacidade em acreditar na vitória que impulsionava O perigo está à espreita no outro dia após o grande e decisivo dia. Frustrações, lágrimas furtivas ou escancaradas, decepções acumuladas, desencantos... No final do gigantesco vestibular das eleições poucas vagas e um exame de candidatos. Em meio a parafernália sonora um bicicleta levando a bordo uma gigantesca fotografia, transitava silenciosa, calada observando a metamorfose de cada dia.
cada candidato.

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