segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Partidos novatos não devem participar das eleições 2012


Das 20 legendas embrionárias que tentam obter registro para disputar as eleições no ano que vem, poucas devem conseguir. Entre as exigências está a coleta de 482 mil assinaturas


Se um eleitor de boa-fé ou mesmo um político calejado tentasse listar os partidos políticos do Brasil passaria aperto: são 27. Saber de cabeça o nome das legendas existentes e ainda das 20 que tentam a regularização é tarefa quase impossível. São cristãos, ecológicos, funcionários públicos, mulheres, humanistas, defensores da pátria livre, da educação e cidadania, além de outros temas para todos os credos e tendências. Entretanto, a maior parte dos novatos não participará das eleições do ano que vem, pois não conseguirá completar uma série de etapas exigidas para isso, que inclui em montagem de diretórios em pelo menos nove estados e coleta de 482.894 assinaturas, o que corresponde a 0,5% dos votos dados para deputados federais na última eleição.

O mais famoso é o Partido Social Democrata (PSD), capitaneado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM), que já coletou as assinaturas, criou os diretórios e pediu o registro. Porém, nem todos contam com a mesma estrutura e agilidade. O Partido Mulher Brasileira (PMB), por exemplo, não deverá conseguir o registro, pois, segundo a presidente Suede Haidar, tem apenas 380 mil assinaturas certificadas. “Se não der para essa eleição dará para as próximas”, vislumbra Suede.

Questionada sobre a ideologia do partido, Suede explica se tratar de “inserir a mulher na política partidária com mais respeito”. Entretanto, das assinaturas coletadas até agora, segundo cálcudos dela, mais de 90% são de homens. “O homem quando casa não muda de nome. Já a mulher muda o nome e não tem o hábito de trocar no cartório eleitoral o nome de solteira para casada”, justifica a presidente. Isso explicaria o fato de 70% das assinaturas de mulheres não terem sido validadas. As assinaturas não implicam filiação, mas sem elas a legenda não pode existir.
O Partido da Transformação Social (PTS) também não participará do pleito do ano que vem. O presidente da legenda, Ronaldo Gualberto, reclama da quantidade de assinaturas exigida, o que na visão dele é uma forma de manter o poder nas mãos das mesmas pessoas. Gualberto é diretor da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e presidente do Sindicato dos Comerciários de Contagem. Mas a grande maioria do partido, segundo ele, é oriunda do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8), organização que empreendeu a luta armada contra o regime militar.

“Somos oriundos da esquerda, mas não somos doentes”, relativiza Gualberto. Ele explica que já coletou 200 mil assinaturas. Para definir melhor os rumos do partido, ele quer agregar intelectuais que estão desanimados e construir um programa de fato. “Não adianta pensar no Brasil somente para a Copa do Mundo”, critica o presidente do PTS. Gualberto também ataca a maioria dos partidos, que, na análise dele, são legendas de aluguel e “distantes das bases”.

O Partido Cristão (PC) conseguiu cerca de 300 mil assinaturas e, de acordo com o presidente, Ronaldo Moreno, não é possível saber se haverá tempo de cumprir todos os preceitos até o prazo. Moreno destaca que apesar de ser um partido cristão, a legenda defende o estado laico. “Não fazemos a defesa de nenhuma instituição religiosa”, ressalta. De acordo com Moreno, o PC vai exigir a ficha limpa antes de a pessoa se filiar. “Não temos nenhum malandro dentro do partido”, garantiu o presidente.

Verdes

Já o Partido Ecológico Nacional (PEN) acerta os últimos detalhes para pedir o registro a tempo das próximas eleições. De acordo com o presidente Adilson Barroso, o processo está em fase final e faltam apenas 30 mil assinaturas certificadas, já que as articulações começaram em 2007. A causa do PEN, de acordo com Barroso, é defender o crescimento sustentável. Ele destaca que é muito difícil montar um partido e entende que todos as legendas, até as que já são oficiais, deveriam passar pelo mesmo processo de criação, com a coleta de assinaturas. “Sobrariam só alguns”, avalia Barroso.

Outra legenda que também usa a defesa ecológica como mote, o Partido do Meio Ambiente (PMA) não participará das próximas eleições. “Temos 282 mil assinaturas e não vai dar tempo”, admite seu presidente, Jurandir Silvério. A ideologia principal é a defesa do meio ambiente, explica Silvério. Tem algo diferente dos outros? “Nada. Vamos trabalhar a política da maneira que ela deve ser trabalhada”, resume Silvério.
Fonte: em.com.br

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