Os custos variam. Vereadores que têm
base concentrada em nichos do tipo categorias profissionais e igrejas e mantêm
a ação política do mandato voltada para a clientela tendem a gastar menos. Mas
a maior parte tem o eleitorado definido a partir de territórios – regiões da
cidade – em que a competição eleitoral exige investimentos de campanha maiores
para manter “acesa a chama” da memória do eleitor. Gastos maiores ainda são
necessários quando o vereador tem a votação difusa pela cidade. Quanto maior a
área a percorrer, mais pessoal e maior volume de material é requerido.
Bem antes de o calendário eleitoral permitir, as campanhas já estão nas ruas. Mas elas só se formalizam a partir de julho, quando os vereadores encaminham por mala direta a chamada “carta de apresentação”. em que se apresentam, discorrem sobre a sua vida pregressa, os “feitos” e propostas. Ao final do texto, o inevitável pedido: “Espero poder continuar contando com o seu voto”. Ao lado das cartas, a ofensiva é lançada nas ruas: milhares de santinhos exibem a foto do candidato, o seu número, os apoios políticos e, no verso, a pequena biografia.
Banners, minidoors, carros de som com os jingles do tipo “esse faz”, equipe de campo para o corpo a corpo em visitas dirigidas, cartazes, adesivos, equipe para conceber e alimentar a campanha virtual nas redes sociais: a lista é grande. Quanto mais crescem os itens, mais caras as campanhas ficam.
Na maiorias das situações, vereadores
topam pagar para “trabalhar”, por exemplo:
Os gastos médios na campanha de
reeleição dos atuais vereadores de Belo Horizonte vão ficar muito próximos a
tudo aquilo que, se eleitos, ganharão em salários ao longo do mandato,
compreendido entre janeiro de 2013 e janeiro de 2017. Considerando os 15 salários
anuais de R$ 9.288,05 ao longo de quatro anos eles receberão R$ 557.281,20. Já
os custos para a reeleição dos atuais vereadores vão variar de R$ 80 mil a algo
em torno de R$ 500 mil. A pequena fortuna será torrada nos próximos nove meses
em um conjunto de ações que inclui contratação de cabos eleitorais,
telemarketing, campanha on-line, produção de material de divulgação impresso e
aluguel de carros, entre outras despesas. Na comparação entre o que os
vereadores vão gastar e o que ganharão de salários ao longo do mandato, fica
evidente que o que está em jogo vai muito além dos subsídios do cargo. O que
leva um vereador em exercício a tentar a reeleição passa pelo poder de barganha
com segmentos da sociedade, a capacidade de influir na administração municipal
com a indicação de cargos, além da própria carreira política.
A corrida pelo financiamento já
começou. Arranjar dinheiro não anda fácil. Os vereadores têm encontrado
frequentemente as portas do empresariado fechadas. Não bastassem os recentes
desgastes dos parlamentares com a aprovação de um projeto de lei com aumento de
salários, afastamentos de acusados de tráfico de influência e suspeita de
favorecimento de parentes em pequenas licitações na Casa, os empresários têm
mais de um motivo para não investir. Depois de escândalos de financiamento de toda
ordem, caixa dois é um termo que poucos querem repetir. Não acabou, mas
diminuiu muito. Financiar oficialmente também se tornou sinônimo de exposição
%u2013 não apenas com a vinculação da empresa às candidaturas, uma vez que as
informações ficam disponíveis no site da Justiça Eleitoral %u2013, mas também
porque há outras implicações. Ao conferir se os limites de financiamento face
ao faturamento da empresa no exercício anterior estão sendo respeitados, a
Justiça Eleitoral está interligada à Receita Federal, deixando as empresas mais
sujeitas a um olhar diferenciado da fiscalização.
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