terça-feira, 1 de maio de 2012

Eleição vai criar 1 milhão de empregos em Minas


Atenção desempregados: milhares de vagas devem ser abertas em todo o país. Para ocupá-las só é preciso disposição para ganhar as ruas e gastar sola de sapato. Dois ou três meses de trabalho e salários variando do mínimo de R$ 622 a cerca de R$ 1 mil. As vagas são temporárias. A expectativa não é um planejamento para as contratações de Natal, mas para o período de julho a outubro, quando os políticos vão contratar um batalhão de cabos eleitorais para correr atrás do seu voto.

Foi-se o tempo em que amigos, parentes e aliados políticos eram o suficiente para ajudar na campanha. A profissionalização está cada vez maior. Hoje, um vereador de Belo Horizonte que deseja fazer uma boa divulgação precisa ter de 80 a 100 cabos contratados. O trabalho vai desde servir cafezinho ou atender telefonemas nos comitês até distribuir panfletos, balançar bandeiras nos sinais, pintar muros ou colocar placas e cavaletes com a imagem e o número do candidato.

Pelos cálculos do cientista político Gaudêncio Torquato, 15 setores da economia, como o têxtil, publicitário, serviços, automobilístico, fonográfico e marketing, devem ser movimentados. Estimando um total de 22 mil candidatos a prefeito e mais de 100 mil a vereadores, Torquato acredita que um contingente de 3 milhões de pessoas trabalhem, das quais 1 milhão de forma remunerada. "A campanha eleitoral gera um produto interno bruto (PIB) muito alto nas cidades médias. É um dinheiro a mais para muitos, mas quem vai vestir a camisa do candidato são familiares e amigos. Os contratados vão trabalhar de maneira utilitária", afirmou.


No segundo turno da campanha de 2008, por exemplo, quando Marcio Lacerda (PSB) foi eleito prefeito de Belo Horizonte, 2 mil pessoas trabalharam na divulgação, com salários variando de R$ 700 a R$ 1 mil. "É uma alternativa de emprego tanto quanto as contratações para o Natal. A campanha acaba gerando em 90 dias uma oportunidade de trabalho que ajuda a pessoa a conhecer um pouco da política e do poder público", afirma o então coordenador da campanha de Lacerda, deputado Miguel Corrêa Junior (PT).

Já os vereadores trabalham com equipes de oito a 10 pessoas, custando cerca de R$ 6 mil por mês. A composição dos grupos varia de acordo com a disponibilidade financeira do candidato. É preciso alugar ainda de uma a três kombis com motorista, que custam cada uma de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil, sem a gasolina. Um coordenador das equipes pode ganhar cerca de R$ 1,5 mil. Segundo o vereador Ronaldo Gontijo (PPS), o ideal é esperar a definição da coligação majoritária, pois ela pode reduzir custos. "Quando você faz campanha junto com o candidato a prefeito, divide com ele as despesas", conta.

Em um universo de campanhas com custos de R$ 60 mil a R$ 300 mil, a estrutura é variada. Como tem reduto no Barreiro, Gontijo diz ter menos gente trabalhando. Quem tem votos espalhados precisa gastar mais. Mão de obra se oferecendo não vai faltar. "Você abre um comitê e o dia inteiro tem gente pedindo para trabalhar. Às vezes, nem temos como admitir", diz Gontijo.

O vereador Silvinho Rezende (PT) diz contratar uma média de 80 a 100 pessoas para sua campanha. "Quando você tem mandato não há tanto voluntariado. Algumas pessoas nos procuram para trabalhar, outras estão nas comunidades. É uma oportunidade de contratar aqueles que estão desempregados", afirmou. Além dos panfleteiros, é preciso no mínimo quatro carros de som para espalhar a mensagem da campanha. Já o também vereador Geraldo Félix (PMDB) diz não ter dinheiro para colocar cabos eleitorais para trabalhar. "Sou mais família e gente amiga em horas de folga. O que uso para a campanha são apenas meus rendimentos. Por isso defendo que deveriam ser apenas 15 dias de propaganda", afirmou.

Coordenador das campanhas do PSDB pelo interior, o deputado federal Domingos Sávio acredita que as campanhas aqueçam os mercados locais. Nas maiores cidades, cerca de 100 funcionários devem ser contratados por candidato. As contratações vão desde pessoas mais especializadas, como os profissionais do marketing, até os cabos eleitorais. Segundo ele, não há direitos trabalhistas, mas nos contratos está prevista contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os cargos mais estratégicos, de comando, são de voluntários, segundo o parlamentar. "As campanhas, de fato, acabam sendo um componente na economia. Se considerarmos que teremos eleições em todos os municípios, serão milhares de candidatos produzindo e distribuindo material gráfico", avalia Sávio
Fonte: www.em.com.br

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